sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Essencial dos Fenômenos

O Essencial dos Fenômenos

         “A vida se faz de essenciais, de acessórios e de supérfluos; bem entender de cada qual e qualificá-los, é da arte do bem-viver.”      Al Qã Shofr, aforista árabe, século XVI.


   Somos formados por fenômenos físico-químicos, eletromagnéticos e mecânicos (movimentos e forças), porque assim é formada a natureza.   Os físico-químicos no campo da matéria e os eletromagnéticos e mecânicos no  campo da energia.
   Os Fenômenos são os acontecimentos quaisquer ocorrentes na natureza e em nossas vidas. Por que dar-se importância às maneiras como ocorrem os Fenômenos ? Em primeiro lugar, porque podemos ser instados a reagir às surpresas das ocorrências dos Fenômenos, a exemplo dos acidentes pessoais, das fúrias da natureza, das perdas repentinas (materiais e pessoais), para citar-se apenas as mais comuns.. Em segundo lugar, porque sabendo que os Fenômenos podem, em grande parte das vezes, causar sérios danos, preparar-nos para tentar antever ocorrências e gravidades poderá ajudar a reduzir danos. Em terceiro lugar, antevendo possibilidades de danos, podemos, umas tantas vezes, chegar a evitar que enfrentemos ocorrências de tais Fenômenos, sejam materiais, sensores, mentais, emocionais ou, até mesmo, fatais, ou, de quando não os pudermos evitar, equipar-nos para enfrentá-los.
   Nove são os pilares sobre os quais se desenvolvem as ocorrências dos fenômenos, na natureza e, conseqüentemente, na vida :

- espectro, a exemplo das 6 cores, vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, violeta, que dão como resultante de sua ação simultânea, a luz branca.
estrutura, na qual os componentes apresentados  pelo espectro se inter-relacionam.
- equilíbrio instável que, aumentando sua instabilidade, tende, ou a mudar de estado, caso acelere sua instabilidade, ou retornar a posições anteriores de equilíbrio instável, caso se lhe apliquem forças para tanto.
- expectância, que se constitui das freqüências com que podem ocorrer, desde uma completa regularidade até as ocorrências fortuitas, sujeitas à sorte e ao azar.
- distribuição relativa, internamente a grupos idênticos, em relação a suas médias, com distribuições normais ou não normais.
intensidade, que é a força com que ocorrem os fenômenos
seqüencial,  quando ocorrem, atrelados entre si, numa cadeia de causas-efeitos.
simultâneo, quando ocorrem, atrelados entre si, a um só tempo.
-  visibilidade, há fenômenos para os quais não temos visibilidade, nem sensibilidade; outros há, para os quais temos visibilidade e sensibilidade,  outros há para os quais temos apenas sensibilidade.

   Há uma importância fundamental em conhecer-se o essencial dos fenômenos.   Quando o conhecimento se processa de forma sistêmica (sistematicamente) segundo agrupamentos e analogias de fenômenos, será muito mais produtivo angariar-se conhecimentos e memorizá-los.    Podemos chamar tal maneira de processar-se conhecimentos como “conhecimento estruturado”.     Para chegarmos à capacidade de termos um conhecimento estruturado (ou seja, cada grupo de conhecimentos similares em um mesmo lugar), devemos, inicialmente, conhecer como ocorrem os fenômenos, sejam eles naturais, pessoais, sociais,  virtuais.  
   Fazemos esta diferença de naturais (próprios da natureza, em geral), pessoais (próprios de um “eu” individualizado), sociais (próprios da vida gregária, ou seja, de populações, tanto minerais, vegetais, quanto animais), virtuais (porque somente possuem existência nos campos da mente e/ou  da imaginação, sem existência real).     
   Conhecidas as propriedades (as quais se chamou de pilares, anteriormente, acima), os fenômenos que apresentem propriedades similares serão fenômenos que pertencem a uma mesma família, ou seja,   podem ser agrupados, porque são análogos.    Tal procedimento é comum fazer-se  nos  conhecimentos  de                                                                                                                                                           
botânica, de biologia, nas matemáticas, na física, e em diversos outros ramos de conhecimentos. 
    Carolus Linaeus, Carlos Lineu (aportuguesado), ou ainda, por escolha própria, Carl Von Linné (1707-1778) foi o botânico, zoólogo, médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim considerado o “pai da taxonomia moderna”.
   Duas grandes famílias de fenômenos podem, de imediato, ser qualificadas :
-  a Família onde a ocorrência dos fenômenos é ordenada segundo regras bem definidas;
-  a Família onde a ocorrência dos fenômenos é desordenada segundo regras, de imediato, não entendidas como bem definidas.
   A primeira Família se constitui dos fenômenos no ambiente da ORDEM.
   A segunda Família se constitui dos fenômenos no ambiente do CAOS.                                                                                                                                                         

   A chamada ORDEM inclui os fenômenos melhor conhecidos, por seus comportamentos, pela Ciência.
   O chamado CAOS inclui os fenômenos menos conhecidos, por seus comportamentos, pela Ciência.
   Ou, se quisermos, jocosamente, a Ciência avançou no conhecimento dos fenômenos melhor comportados e bastante menos avanço conseguiu no conhecimento dos fenômenos de menor bom comportamento

   Podemos, após este “intróito”, adentrarmos nos meandros das ocorrências e dos comportamentos dos  fenômenos, na tentativa de melhor reconhecê-los e qualificá-los.
                                                                                                                                                                Espectro

   A primeira noção de espectro, relativo aos fenômenos, ocorre quando Giambattista della Porta (1535-1615) escreve em sua publicação,  De Refracione, em 1558, que as cores apareciam por modificação da luz, baseado em uma concepção de Aristóteles.   Isaac Newton (1643-1727) deu forma real ao Espectro, fazendo passar a luz solar por um prisma de vidro, o qual fracionou a luz branca em seis cores diversas, na sequência : vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, violeta.  Buscando fracionar cada qual destas, novamente, nada conseguiu, concluindo que a luz branca era a componente final das seis cores citadas, atuando em conjunto (simultaneamente).   A partir, de então, e progressivamente, o Espectro dos fenômenos passa a ser entendido como uma impressão digital, pois que cada fenômeno, diverso dos demais, tem seu espectro próprio que o identifica.    Tal qual, hoje, um código de barras.
   Por analogia, o espectro, que é uma manifestação ótica da luz branca fracionada em seus componentes, passa a ser entendido, com mais abrangência, como o continente dos componentes de qualquer fenômeno, ou seja, que qualquer fenômeno pode ser descrito através de seus constituintes.  A exemplo : o espectro da água é constituído de hidrogênio e oxigênio.

Estrutura 

    A estrutura de um fenômeno é a sua constituição qualificada e quantificada.   Se o espectro é a constituição qualificada de um fenômeno, a estrutura amplia esta concepção pela quantificação de seus constituintes.  A exemplo :  se o espectro qualifica a água como sendo constituída de hidrogênio e oxigênio, a estrutura quantifica uma molécula de água como constituída de dois átomos de hidrogênio mais um átomo de oxigênio.  
   Os fenômenos podem ser quantificados, sempre, estatisticamente, para, relativamente a seus componentes, poder-se qualificar quais são essenciais para suas ocorrências e existência, e quais são acessórios e quais serão supérfluos.   A exemplo da água, o essencial serão dois átomos de hidrogênio mais um átomo de oxigênio, sem o que não existe água; acessórios, quando das águas hidrominerais, outros elementos minerais; quando  da água do mar, sal e outros elementos minerais e supérfluos passarão
a ser, cheiros, cores, densidades diversas, devidos a elementos poluidores, ou não, em suspensão.
   
  
Equilíbrio Instável  

   Todos os fenômenos ocorrem em estados de equilíbrio instável.    Ou seja, estão sujeitos a mutações.
   Estas mutações podendo ocorrer de forma endógena, motivadas por imposições da própria natureza do fenômeno, tendo-se como exemplo os elementos radioativos que, ao emitirem radiações, irão transformar-se, progressivamente, em novos fenômenos, como seus isótopos.   As mutações podem ocorrer de forma exógena (inclusive para os radioativos), quando o equilíbrio instável se rompe por força de elementos estranhos à natureza do fenômeno, tendo-se como exemplo a passagem da água líquida para o estado pastoso em contato com líquidos de maior densidade ou com terra; para o estado de vapor,  em contato com calor e em estado gasoso, com calor intenso.

Expectância

   Este é um termo que tem origem na Estatística e  significa que a ocorrência dos fenômenos pode ser de expectância baixa a alta.   Há fenômenos para os quais a expectância (expectativa) de ocorrência seja baixa, sendo exemplo, chover em regiões áridas ou desérticas; outros há para os quais a expectância seja elevada, como nevar em altas latitudes conjugadas com elevadas altitudes.    Pode ser salutar expectâncias  baixas para fenômenos que nos podem causar danos e altas para aqueles fenômenos que nos podem trazer benefícios.    O inverso disso não é nada salutar.

Distribuição relativa

    Quem primeiro se preocupou com a distribuição relativa de ocorrências  de fenômenos foi  Johann C.F. Gauss (1777-1885), considerado por muitos o maior gênio da matemática, em todos os tempos.    Sua curva de distribuição normal de eventos, chamada de Lei de Gauss, descreve como a maior parte dos eventos se distribui de forma regular em torno da média dos eventos e que a maior parte dos eventos, cerca de 2/3, ou mais,  se situa em torno da média.   Assim é o caso da altura de uma população qualquer, animal ou vegetal,  que supondo-se tem média de altura de 1,80m terá 2/3 de sua população com altura próxima de 1,80m para menos e para mais, dependente do chamado desvio-padrão em relação à média.   Daí porque chamar-se de distribuição relativa à média esta medida de ocorrência de fenômenos.   Na distribuição normal, em relação à média ocorrem os fenômenos não aleatórios, como o exemplo que se deu em relação à altura de uma população; com distribuições não normais (aleatórias) haverá quantidades diferentes para menos e para mais em relação à média.    Os exemplos típicos destas discrepâncias em relação às médias ocorrem quando tratamos de climas, seja quanto a temperaturas, pressões, chuvas, nevascas, granizos, ventos, tufões, ciclones;  ou quando tratamos de doenças, curas e mortes em diferentes populações e idades, ou quando tratamos de filas em bancos, em portos, em supermercados.

Intensidade

   É a força com que ocorrem os fenômenos.    Todos somos capazes de imaginar as diferenças de estragos que causam os ventos a diferentes velocidades : quanto mais velocidade, mais estragos.    Também somos capazes de imaginar que chuvas com maiores intensidades causarão sempre maiores enchentes e maiores estragos.    O som que ouvimos com intensidade progressivamente maior, irá causando danos, progressivamente, maiores.   Até mesmo o amor com intensidades sempre crescentes estará mais propenso a causar mais danos do que benefícios.   Mesmo o dinheiro em grandíssima intensidade tende a causar mais danos do que benefícios.   Sábios estão demonstrando ser Bill Gates (1955-) e sua esposa que reservaram boa parte de suas fortunas para uma Fundação que trabalha financiando pesquisas para atingir-se avanços tecnológicos na área de saúde para a humanidade.    Poucas coisas, com grande intensidade, causarão benefícios; de memória repentina, não lembro nenhuma.

                                                                                                                                                           
Seqüencial

   Há fenômenos cuja ocorrência se dá após uma sequência atrelada de eventos.   As sequências são fáceis
de entender, como é o caso das chuvas, que terão no início da sequência,  para suas ocorrências, a evaporação das águas do mar, rios, lagos;  a formação de nuvens; a concentração de nuvens; o resfriamento das nuvens carregadas, por quedas de temperaturas, ao nível das nuvens acumuladas, provocando, finalmente, as chuvas, ou granizos ou neves.   Outras sequências fáceis de entender é o do crescimento dos vegetais a partir de sementes, mudas, enxertos;  os embriões animais a desenvolver-se.

Simultâneo

   O processo de ação simultânea de diferentes variáveis e parâmetros para a ocorrência de fenômenos, é menos  comum  do  que o  processo  seqüencial.    Já  se   deu o  exemplo  das  diversas  cores de luz   que             
concorrem, simultaneamente, para  a resultante da luz branca.    Todos os fenômenos de natureza química apresentam o processo simultâneo para a ocorrência dos fenômenos.    É necessário que os elementos componentes de moléculas se apresentem com átomos que se possam combinar, em quantidades definidas, em condições de temperatura e de pressão adequadas.    Na mecânica (movimentos ou aplicação de forças) também é comum que diferentes movimentos, ou diferentes forças, em conjunto, concorram para um movimento resultante ou para uma força resultante.    No lançamento de foguetes ao espaço, o movimento rotatório da terra mais o movimento retilínio  do foguete, mais a força da gravidade faz com que a trajetória do foguete se faça segundo uma espiral até que o mesmo se libere, ou a cápsula, que dele se libere,  esteja sujeito(a) à inércia desta resultante de forças, no espaço.   Os esportes de natureza coletiva são outro bom exemplo de fenômenos com ocorrência segundo processo de eventos simultâneos.

Visibilidade

   Como visibilidade devemos entender nossa capacidade de percepção através de nossos sentidos, olhar, audição, tatos, paladar, olfato, mais os sensoriais dos sentimentos, emoções, desconforto, dor.   Essa capacidade de percepção se faz, em grande parte, através de ondas eletromagnéticas e processos químicos.    Entretanto, uma boa quantidade de vezes, somos completamente insensíveis a muitos fenômenos e, para termos conhecimento de que eles existem. somente através de exames e de aparelhos, que de forma indireta qualificam e quantificam a ocorrência destes fenômenos.    Somente iremos perceber sua existência, sem o auxílio destes mecanismos auxiliares de nossos sentidos, sentimentos, emoções, dor, quando suas ações, sobre nós ou ao nosso redor, se manifestam com suas conseqüências funestas.   Assim são muitas doenças, cataclismos, acidentes, fatos fortuitos,  em que falha nossa percepção para detectá-los e não temos o auxílio dos meios indiretos que denunciem suas ocorrências.

   Ao longo da história da natureza, fenômenos aconteceram e fenômenos desapareceram, na medida em que a natureza se transforma.   A Bíblia e a Ciência nos ensinam que “...no princípio era o Caos...” e que o Caos começou a desfazer-se quando acontece a LUZ.   A partir de então o que conhecemos é uma contínua transformação da natureza e um processo milagroso do surgimento de diversidades a partir de troncos de Famílias de fenômenos.    Surgimentos e Desaparecimentos.   Esta tem sido a sina.
   Estas transformações naturais encontram nos acidentes naturais e nos seres vivos, em especial na humanidade, vetores  que agem no sentido de provocar   transformações na natureza, seja via surgimento de fenômenos, seja via desaparecimento de fenômenos.
   A humanidade, além de provocar transformações naturais, provoca o surgimento de outros planos não naturais, como os planos individuais, sociais (famílias; grupos;  ordens políticas, econômicas, jurídicas, artísticas),planos mentais (filosofia, ciência, tecnologia), planos sobrenaturais(mitologia, religião, crenças), abrindo caminho para a existência e morte de fenômenos não naturais.   Nestas atividades de constatar existência de fenômenos naturais e não naturais, de transformá-los, contribuindo inclusive para    
seus surgimentos e desaparecimentos criam-se, a partir da ciência e da tecnologia, instrumentais para auxiliar a percepção dos sentidos na observação e análise dos fenômenos.
   Para ampliar a visão, criam-se telescópios, microscópios, aparelhos de raios-x, de ultra-som, de ressonância magnética, de captação de ondas eletromagnéticas.
   Para ampliar a audição, criam-se aparelhos de rádios, rádios-telescópios, amplificadores de sons, equipamentos para registros de sons.
   Para ampliar o olfato, o paladar, e o tato estão sendo criados aparelhos via ondas eletromagnéticas, capazes de melhorar a qualidade humana nestes afazeres.
   Para ampliar a capacidade cerebral criam-se a observação experimental, as drogas medicinais, os métodos de geração de conhecimentos (dedutivos e indutivos).
   Para ampliar a capacidade dos planos individual, sociais, mentais, criam-se métodos de organização, administração, logística, manutenção.
   Todas estas atividades ajudam a gerar novos fenômenos ou a intensificar a ocorrência de existentes como a degradação dos ambientes naturais, as doenças de natureza mental, os estresses, as violências, os acidentes fatais.   Para nosso consolo, dizemos que “não há rosas sem espinho” 
    Mas também são gerados fenômenos de alta valia como as máquinas robóticas, as realidades virtuais com suas gerações de cenários, novas naturezas traduzidas em novos materiais e imateriais, geração de novos produtos como misturas de existentes via nanotecnologia, novas drogas medicinais, novas ferramentas de diagnósticos materiais e imateriais, para citar-se alguns. 
    Nosso desafio diante desta complexidade de fenômenos e suas realidades de surgimentos e desaparecimentos está, em nossa capacidade de detectarmos dos fenômenos, os essenciais, os acessórios e os supérfluos, como  bem observou, há cinco séculos atrás, Al Qã Shofr.

 
 Fontes:  citação de nomes, Wikipedia
                                                                                                                                                                       




  





           















                                                                                                                                                       























terça-feira, 5 de abril de 2011

A Bomba responsável pela Crise Interna no Horizonte

   Quando apresentamos a página Crise Interna  no Horizonte, falando sobre o monstro de nossa Dívida Interna, lembramos que voltaríamos ao assunto apresentando mais detalhes;  é o que fazemos nesta página ou nota.
Vou buscar ser suscinto, tanto quanto possível e,  dessa forma, como se fossem quadros, apresentar uma evolução de fatos que julgo ser verdadeiros - porquanto poderão imaginar - que estou sendo fantasioso e que não reflito a realidade dos fatos apresentados.

   1.   Durante o período inflacionário brasileiro, dado que foi criada a correção monetária mensal e diária (overnight administrado pelo Sistema Bancário), havia um "ganho"  ditado pela inflação, para todos aqueles que tivessem recursos para aplicações diárias no overnight.    Por exemplo :  uma empresa de ônibus que recebe à vista pelos seus serviços, aplicava suas receitas no Sistema Bancário (administrador de Fundos e de overnight), este tendo ganhos de administração destas aplicações; ou seja, todos os que podiam aplicar dinheiro assim como os que  administravam tais aplicações tinham "ganhos";  não havia "ganhos"  para o povão pois este não tinha recursos para aplicar.   Durante a hiperinflação, poderia haver "ganhos" de até 80% ao mês, por uma aplicação de 30 dd.    Quem perdia era o povão que trabalhava 30dd. e recebia um salário desvalorizado, em poder de compra, minado pela bomba inflacionária mensal.    Outro exemplo : quem pudesse economizar, ao longo de determinado tempo, um salário mensal e o aplicasse no mercado, ao final do primeiro  mês receberia, na hiperinflação, o equivalente a 80% do salário economizado.
    2.  Quando a hiperinflação foi domada, caindo para menos de 10% ao ano, quando antes era de 80% ao mês, e acabou-se com o instituto da Correção Monetária todos os que tinham dinheiro para aplicar receberam um golpe, assim como o Sistema Bancário : deixaram de ter os "ganhos" que a inflação e a Correção Monetária equivalente lhes proporcionava.      Os "ganhos" se põem entre aspas, pois não poderiam chamar-se propriamente de ganhos,  mas de não-perdas integrais provocadas pela inflação sem Correção Monetária.
    3.  Dominada a hiperinflação, uma das soluções engendradas pelo Mercado Financeiro e aceita pelas Autoridades Monetárias foi a de gerar taxas de juros elevadas, pelo Sistema Bancário e Financeiro, para a compra de Titulos da Dívida Pública Interna.    A Taxa Selic, ou assemelhadas, antes de sua criação , por exemplo, cujos valores seriam arbitrados pelo COPOM (Conselho de Política Monetária)  teve valores médios anuais  entre os anos 1996/2000, de 24.6%;  entre 2001/2005, de 19,04%;  entre 2006/2010, de 12,2%.
    4.  Esta situação relativa a incrementos da Taxa Selic que remunera boa parte dos Títulos da Dívida Interna, mais a falta de pagamentos anuais de quaisquer quantias para redução da Dívida existente, com as Autoridades pagando, monetariamente, somente parte dos juros vencidos a cada ano, e mais emissão de novos Títulos para atender aos Déficits Anuais dos Balanços Governamentais, fizeram com que a Dívida Interna sofresse o incremento  desde  R$62 bilhões em 1995 para R$1600 bilhões em 2009, conforme CPI da Dívida Interna da Câmara dos Deputados.
    5.   As Autoridades Governamentais não incluem no Orçamento Público Anual os montantes em R$ que devem ser pagos como juros sobre a Dívida Interna, provavelmente para não chamar a atenção do público, e tal mentira, pois este é o nome de quem tenta escamotear a verdade,  se incrementa quando chama, ao final do ano, o montante que foi pago de juros de "superávit fiscal", quando este montante foi conseguido às custas de reduzir os gastos previstos, no Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, em educação, saúde, saneamento, infraestrutura física, segurança e outra atividades.    A mentira vai num crescendo apavorante, quando todos os Jornalistas Econômicos de nossa Imprensa também chamam a estas reduções de despesas governamentais sobre as necessidades do povão, também, de "superávit fiscal", e a mentira  atinge as alturas quando nossos representantes no Congresso Nacional, também, chamam a este saqueio de recursos públicos -  com impostos pagos pelo povão - de "superávit fiscal".    
    6.   Por que será que, à nossa desorganização pública endêmica;  nossa corrupção patológica com  dinheiro público, sem punições;  nossa apatia, incapacidade e desfaçatez  de tratar seriamente a coisa pública, deve somar-se este roubo de dinheiro público para dar-se dinheiro aos afortunados e ao Sistema Bancário e Financeiro ?      Por que será que há uma conspiração do silêncio, para aceitar-se a farsa de que os juros altos da Taxa Selic combatem a inflação, quando as mesmas são completamente descoladas das taxas de juros praticadas pelo Sistema Bancário e Financeiro, pelo Comércio, pela Financeiras, pelos Cartões de Crédito ?    Por que será que a pregação de nosso saudoso ex-Vice-Presidente José Alencar não encontrou eco satisfatório, quer junto aos economistas, quer à Imprensa, quer aos Sindicatos, quer aos Grupos da Sociedade Civil Organizada, quer ao povo, em geral ?
    7.    Por tudo isto, deveremos, contabilmente, pagar de juros, sem sequer reduzir-se em um centavo a Dívida Interna existente, cerca de R$  220 bilhões, ao final do ano 2011.      A seguirmos a tendência declinante dos ante-penúltimos 14 anos, período durante o qual  nossa Dívida Pública cresceu à taxa anual média de 26 %,  deveremos pagar em 2012, cerca de  R$  245 bilhões de juros, dinheiro que o Governo, a Imprensa, os Sindicatos, o  Congresso Nacional, o povão, chamam de "superávit fiscal", quando sabemos que este dinheiro é retirado  dos impostos do povão para ser doado, ainda que não em sua totalidade, aos afortunados e ao Sistema Bancário deste pobre Brasil.